Videntes conseguem provar
seus poderes quando testados em laboratório?
A convite da Merseyside
Skeptics Society (Sociedade dos Céticos de Merseyside), duas médiuns
profissionais aceitaram participar de um teste de laboratório em que poderiam
demonstrar seus poderes mediúnicos.
O desafio consistia em
descrever características de cinco voluntários aleatórios que se sentavam (em
silêncio, vale acrescentar) atrás de uma tela opaca. Das dez descrições, apenas
duas estavam corretas.
“Embora tenham demonstrado
confiança ao longo do experimento, nenhuma delas conseguiu fazer mais de uma
leitura correta, um resultado totalmente consistente com a probabilidade”, diz
o professor Chris French, que ajudou a elaborar o desafio. “É uma pena que não
tenham passado, mas ficamos bastante satisfeitos por elas terem aceitado
participar”.
Mediunidade à prova
Embora tenha sido apenas
uma em cinco, a descrição feita pela médium Kim Whitton deixou a modelo
surpresa: “Ela mencionou muito especificamente algo em que eu estava pensando
bastante durante a sessão, ela acertou no ponto, nome e tudo o mais. Isso me
chocou um pouco”, relata a voluntária.
Whitton tem mais de 15
anos de experiência como médium e curandeira, e aparece regularmente em igrejas
espiritualistas em Londres e arredores. Foi a primeira vez em que testou
cientificamente sua mediunidade.
“Eu sempre quis participar
de um teste como esse, já que gostaria de criar uma ‘ponte’ entre energia
psíquica e ciência”, conta a médium. “Os céticos precisam perceber que você não
pode ver, ouvir e sentir tudo como se fosse matéria sólida com os olhos,
ouvidos e corpos humanos. Médiuns usam toda uma parte do cérebro que não é
devidamente desenvolvida no homem comum. No todo, eu realmente gostei da
experiência”.
A outra participante,
Patricia Putt, aceitou em 2009 o desafio proposto pela Fundação Educacional
James Randi, que oferece 1 milhão de dólares (cerca de R$ 2 mi) a quem
demonstrar em laboratório poderes paranormais. Não chegou a se classificar.
Em relação ao teste mais
recente, Putt não ficou abalada. “Eu lamento por ter aparentemente falhado, mas
não estou tão surpresa”, conta. “Eu gostaria de apontar que o trabalho que faço
é sempre cara a cara, por isso trabalhar ‘às cegas’ é extremamente difícil para
o médium”.
Ceticismo
“Embora os resultados do
nosso experimento não refutem habilidades paranormais, o fato de que nossos
médiuns não puderam passar no que consideraram um teste bastante simples e
justo sugere que alegações de que essas habilidades existem não são baseadas na
realidade”, diz Michael Marshall, vice-presidente da Merseyside Skeptics Society.
“É notável que, depois de centenas de anos de investigações, ninguém foi capaz
de demonstrar a habilidade de entrar em contato com os mortos”.
Para o cientista Simon
Singh, que ajudou a elaborar e conduzir o teste, a alegada mediunidade estaria
relacionada com uma capacidade intuitiva de captar pistas daqueles que procuram
os serviços do médium. “Eu suspeito que pessoas como Pat e Kim são intuitivas e
de modo subconsciente captam dicas sutis, como a linguagem corporal, pistas
verbais e outras. Isso dá uma ilusão de poderes paranormais”, sugere.
Whitton, por sua vez, nega
essa explicação. “Eu não uso pistas verbais ou linguagem corporal em minhas
leituras como mencionado por Simon Singh, uma vez que apenas peço que a pessoa
me dê seu nome completo e nada mais e que fique em silêncio enquanto eu recebo
informações sobre ela”.
Michael Marshall, Kim Whitton, Simon Singh, Patricia Putt e Chris French
hypescience.com
Por Guilherme de Souza em 8.11.2012
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